25/04/2007

A uma mulher amada

Ditosa que ao teu lado só por ti suspiro!
Quem goza o prazer de te escutar,
quem vê, às vezes, teu doce sorriso.
Nem os deuses felizes o podem igualar.

Sinto um fogo sutil correr de veia em veia
por minha carne, ó suave bem querida,
e no transporte doce que a minha alma enleia
eu sinto asperamente a voz emudecida.

Uma nuvem confusa me enevoa o olhar.
Não ouço mais. Eu caio num langor supremo;
E pálida e perdida e febril e sem ar,
um frêmito me abala... eu quase morro... eu tremo.

Safo
Trad. Décio Pignatari

Do livro: 31 Poetas, 214 Poemas. Companhia das Letras, 1996, SP
Extraído do site de S. Carticha Ellis. http://kplus.cosmo.com.br/materia.asp?co=18&rv=Literatura
Safo: Lesbos/Grécia, 612 aC. (ou 575 aC - 490 aC, aproximadamente).